Um dia depois de o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, dizer que as pessoas devem permanecer em casa, em isolamento social,
para evitar a disseminação do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro saiu de
carro da residência oficial do Palácio da Alvorada, na manhã deste domingo
(29), para fazer um passeio por Brasília.
Ele foi a uma farmácia e a uma padaria no bairro Sudoeste,
em Brasília, depois ao Hospital das Forças Armadas e ao centro de Ceilândia,
uma das regiões administrativas do Distrito Federal. A assessoria da
Presidência informou apenas que a ida ao hospital tinha caráter privado.
Nas ruas, a presença do presidente provocou pequenas
aglomerações, contrariando as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização
Mundial de Saúde (OMS).
No Sudoeste, ouviu grito de "Abre o comércio,
presidente". Uma mulher fez um apelo por isolamento. "Isolamento para
nós, hein? Sem isolamento, a gente não vai conseguir". Outros desejaram
boa sorte. "Presidente, Deus te ilumine".
Do Sudoeste, Bolsonaro seguiu para o Hospital das Forças
Armadas. Na saída, se aproximou de pessoas e fez fotos, juntando o rosto ao de
apoiadores que o aguardavam do lado de fora.
Em seguida, foi ao centro de Ceilândia, onde uma aglomeração
maior se juntou. Alguns populares aparentemente eram maiores de 60 anos, grupo
mais vulnerável ao contágio do novo coronavírus.
O presidente parou para conversar com um ambulante que vende
espetinhos de churrasco. O vídeo com a gravação da conversa foi postado na
página de uma das redes sociais do presidente.
Decreto do último dia 19 do governador Ibaneis Rocha (MDB),
determinou o fechamento até o próximo dia 5 de lojas, bares, restaurantes e a
proibição de cultos e missas no Distrito Federal devido ao coronavírus. Escolas
também estão com as atividades suspensas. De acordo com o decreto, podem se
manter em funcionamento clínicas médicas, laboratórios, farmácias, postos de
gasolina, mercados, lojas de material de construção e padarias.
Sob o argumento de que as reações à crise são motivadas por
"histeria" e "pânico", Bolsonaro vem defendendo a
reabertura do comércio e de escolas, embora o Ministério da Saúde tenha posição
contrária. O fechamento desses estabelecimentos é medida recomendada por
especialistas como forma de conter a disseminação do coronavírus.
No sábado (28), Bolsonaro fez uma reunião com Luiz Henrique
Mandetta e outros ministros no Palácio da Alvorada a fim de discutir medidas
contra a crise do coronavírus. No mesmo dia, uma juíza do Rio de Janeiro
proibiu a veiculação da propaganda "O Brasil não pode parar",
registrada em uma das páginas de redes sociais do governo e cujo vídeo foi
compartilhado por parlamentares bolsonaristas. Segundo a Secretária de
Comunicação da Presidência, o vídeo era de "caráter experimental" e
não existe uma campanha publicitária sobre o assunto.
Fonte G1
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