Possível remédio para cura do Coronavirus faz bolsa de valores subir

Ibovespa tem leve alta na semana, com remédio para coronavírus em foco

Mexeu com o mercado: esperança contra a pandemia trazida pelo antiviral remdesivir, da farmacêutica Gilead Science, foi último destaque entre pregões de emoções mistas 

Fonte Valor Investe — São Paulo

A semana de emoções mistas e saldo ligeiramente positivo foi encerrada com a notícia mais aguarda pelo mundo figurando no radar dos investidores - garantindo ao Ibovespa alta de 1,51% no fechamento desta sexta-feira.
São estudos preliminares, mas um site de notícias médicas publicou que quase 100% dos pacientes com Covid-19 medicados com remdesivir tiveram alta após uma semana de tratamento. O estudo foi feito pela Universidade de Chicago, com 125 doentes.
Foi esse o principal gatilho para, logo na abertura dos pregões, bolsas do mundo todo abrirem em alta acelerada. O Ibovespa, no Brasil, chegou a subir acima dos 2% em suas primeiras horas de ação.
Do ponto de vista da vista humanitário, a confirmação do sucesso desse tratamento pode significar milhões de vidas salvas. Isso, por si só, já colaborou para o desfecho de semana em tom positivo.
Do ponto de vista da economia mundial (e dos participantes do mercado, portanto), a expectativa de uma retomada menos demorada da normalidade da atividade econômica animou os caçadores de pechinchas a voltarem à ativa.
Mas os estragos da pandemia, mesmo que ela terminasse do dia para a noite, não se apagam. Dados divulgados nesta sexta mostram contração de 7% na China no primeiro trimestre. A primeira diminuição de atividade econômica chinesa nesse intervalo desde 1992 ajudou a limitar o apetite por risco.
Mas, voltando agora aos falar de gatilhos de compra, agora não só a Alemanha já começa a reabrir sua economia – algumas lojas alemãs devem voltar funcionar nesta segunda-feira (20). Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump apresentou aos governadores um plano de reabertura da economia em três fases, podendo cada um deles se adequar da melhor forma. Pelos moldes apresentados pela Casa Branca, alguns estabelecimentos hoje de porta cerradas já podem voltar a receber clientes ainda neste mês de abril.
No entanto, as incertezas seguem várias. E em outras economias de relevo o fim da quarentena vai ficando mais distante. No Reino Unido, por exemplo, onde o primeiro-ministro Boris Johnson ainda se recupera do Covid-19, as regras de isolamentos acabam de ser estendidas por mais três semanas. No Brasil, em São Paulo, foram prorrogadas até 10 de maio.
No meio de emoções mistas como essas, entre altas e baixas ao longo da semana, o saldo final médio acabou sendo positivo entre as ações mais negociadas do Brasil. O Ibovespa acumulou ganhos de 1,53% em cinco pregões, e estacionou nos 78.990 pontos.
Já o câmbio, pressionado entre pontos de otimismo e apreensão, passou a maior parte da sexta-feira oscilando perto do zero a zero, e queda de 0,34% no fim do dia. Na semana, no entanto, voltou a acumular altas.
Para os ganhos nas bolsas não camuflarem as nuvens no horizonte da economia mundial, pesadas, o dólar comercial na semana ficou 2,86% mais caro, indo aos R$ 5,2383, com a busca por proteção se mostrando vivinha da Silva.
Na Europa, o Stoxx 600, índice que espelha o sobe e desce média de 600 papéis de 18 países europeus, subiu nesta sexta 2,63%, indo aos 333,47 pontos. Na semana, e graças a esse último resultado expressivo, a alta acumulada foi leve, de 0,51%.
Veja o fim do dia nos cinco principais mercados europeus:
  • Paris: +3,42% (4.499,01 pontos)
  • Frankfurt: +3,15% (10.625,78 pontos)
  • Londres: +2,82% (5.786,96 pontos)
  • Milão: +1,71% (17.055 pontos)
  • Madri: +1,66% (6.875 pontos)
Em Nova York, o S&P 500, que reflete o sobe e desce médio de 500 papéis, acumulou alta de 3,05%%. As ações da farmacêutica Gilead, responsável pelo medicamento que animou o mercado, fecharam o dia em alta de 9,73%.
Veja como fecharam, nesta sexta-feira, os principais índices acionários de Wall Street:
  • Dow Jones: +2,99% (24.242 pontos)
  • S&P 500: +2,68% (2.874 pontos)
  • Nasdaq: +1,38% (8.650 pontos)
Uma declaração nesta semana da diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, demonstra o quanto a pandemia de coronavírus predomina como catalizador de atenções entre investidores – tônica de mais esta semana, como têm sido desde o fim de fevereiro e março.
Pela primeira vez, disse sua comandante, o FMI passou a incorporar dados apurados por infectologistas e especialistas em saúde pública para projetar o crescimento mundial. Quão pior a situação da doença entre os países, mais agressiva e demorada tende a ser a derrocada da economia global.
Sabendo disso, participantes do mercado continuaram acompanhando de perto a evolução das curvas de contágio nestes últimos dias. Radares estão virados especialmente para Europa, Estados Unidos e China. É nessa fatia mais significativa do PIB (Produto Interno Bruto) mundial em que a doença mais levou vidas e colecionou doentes.
Em parte das sessões da semana, de alta, sinais de desaceleração da pandemia nesses países mantiveram a pressão de compra acima da vendedora na semana. Noutros, o jogo virou, com o otimismo sobre o futuro dando lugar à razão.
O FMI previu nesta semana uma queda de 3% na renda mundial ao fim de 2020. Seria nada menos que o maior empobrecimento média dos países num só ano desde a Grande Depressão.
Há mais de nove décadas, a quebra da bolsa de Nova York em 1929 deu início a anos “sombrios” – adjetivo já usado por Georgieva, diretora do FMI, para esta crise de 2020. Aquele período trevoso acabou só em 1939, e quando uma crise ainda pior começou, a Segunda Guerra Mundial.
Outro risco ficou mantido entre as principais pautas da nesta semana, a crise dos preços do petróleo.
Mesmo com os cortes de oferta acordados pela Opep+ da ordem de 10% do volume mundial, altos estoques no Estados Unidos e demanda em baixa no mundo mantiveram os preços em viés baixa, mas também bagunçados.
Nesta sexta-feira, por exemplo, os preços da referência americana (WTI), em Nova York, fecharam o dia caindo 8,05%, com barris a US$ 18,27 – na semana, acumulou queda de 19,73%. Já a referência mundial (Brent), os contratos futuros mais negociados em Londres, fecharam em alta de 0,93%, aos US$ 28,02 - na semana, tombaram 10,99%.
Com o mercado londrino de petróleo em alta, referência usada pela Petrobras, suas ações tiveram contribuição importante para o fim de dia azulado no Ibovespa. Os papéis da empresa mais negociados, os preferenciais (PN, que dão preferência na fila de dividendos), subiram 2,61% nesta sexta, com baixa acumulada de 0,95% na semana.
As ações da Vale, outra pesadona, também fecharam no azul, subindo 2,90% na sessão, e acumulando alta de 1,66% em cinco pregões.
Sob impacto dos lampejos de reaquecimento do mercado imobiliário na China, os preços do minério fecharam a última sessão da semana com alta de 1,7% na bolsa de Dalian. Por causa desse mesmo vetor de alta da mineradora, as ações das siderúrgicas nacionais também figuraram entre as maiores altas, com destaque para os 6,22% de ganhos dos papéis do grupo Gerdau no fim do dia – na semana, alta de 14,95%.
Ainda entre os papéis de maior participação na carteira teórica do Ibovespa, o setor bancário foi determinante ameaçou o dia de ganhos. A agência de classificação de riscos Moody's divulgou um relatório com perspectivas negativas para o setor. A instituição prevê um “choque sem precedentes” com o rápido empobrecimento das famílias, e a consequente elevação das taxas de inadimplência.
Depois de virarem para o negativo ao som desses notícias, as ações dos bancos conseguiram se recuperar. Entre as de mais peso, os papéis PN do Bradesco tiveram a maior alta no dia, de 1,95% - fechamendo a semana quase no zero a zero, com alta de 0,03%.
Neste último pregão, as 73 ações do Ibovespa movimentaram R$ 15 bilhões, 30% abaixo da média em 2020, de R$ 20 bilhões. Antes de ver quais foram as melhores e piores ações na semana, veja como fecharam nesta sexta, em que 51 papéis anotaram altas.
As 73 do Ibovespa (17/4/20)
CódigoNomeAberturaMínimaMédiaMáximaFechamentoVar. %
MULT3MULTIPLAN ON N219,4419,4120,3120,9520,9511,44
RENT3LOCALIZA ON NM30,4530,0831,3632,2132,038,36
GGBR4GERDAU PN N111,8011,8012,2212,5012,306,22
GOAU4GERDAU MET PN N15,255,235,375,485,405,88
LREN3LOJAS RENNERON NM36,7535,8036,6337,9537,505,19
RAIL3RUMO S.A. ON NM19,6819,4820,1220,6820,244,60
FLRY3FLEURY ON NM23,1023,0323,4523,8223,724,40
PETR3PETROBRAS ON N216,2015,9316,3416,7616,703,53
CCRO3CCR SA ON ED NM12,5112,3012,6612,9112,693,51
IGTA3IGUATEMI ON NM31,3230,6831,5332,7431,503,28
EQTL3EQUATORIAL ON NM18,6018,1918,6419,0519,003,26
EMBR3EMBRAER ON NM9,409,119,389,679,553,24
NTCO3GRUPO NATURAON NM33,4132,0033,2034,3233,343,12
BRAP4BRADESPAR PN N129,4629,1229,5429,8329,613,10
VALE3VALE ON NM43,9043,2243,7644,2344,002,90
BBAS3BRASIL ON NM29,5529,0329,5630,0629,582,71
PETR4PETROBRAS PN N215,7515,5615,8216,1316,132,61
SULA11SUL AMERICA UNT N243,0642,6243,3844,1543,452,60
JBSS3JBS ON NM21,2020,9221,2321,4521,312,40
SANB11SANTANDER BRUNT26,5326,1026,4826,9926,502,40
BPAC11BTGP BANCO UNT N241,0439,8340,5641,1840,512,25
BRML3BR MALLS PARON NM9,569,179,499,849,592,24
ECOR3ECORODOVIAS ON NM10,3010,1010,2310,3910,342,17
CYRE3CYRELA REALTON NM14,4014,0414,3714,9614,352,14
GOLL4GOL PN N212,2511,8012,0612,3612,002,04
CSNA3SID NACIONALON7,557,437,567,707,592,02
BBDC4BRADESCO PN EB N120,4819,7620,1720,6920,361,95
ITUB4ITAUUNIBANCOPN N123,4422,6123,0223,6123,221,80
USIM5USIMINAS PNA N14,694,564,664,784,631,76
YDUQ3YDUQS PART ON NM29,2628,5029,3031,2629,001,75
SBSP3SABESP ON NM42,0041,5842,2143,0042,171,71
TOTS3TOTVS ON NM59,1157,4258,5560,6459,031,64
ITSA4ITAUSA PN N19,258,969,099,299,141,33
ABEV3AMBEV S/A ON11,7011,4911,6111,8011,601,31
BBDC3BRADESCO ON EB N119,1518,4718,8319,3018,871,29
QUAL3QUALICORP ON NM25,3324,9225,5926,3425,341,28
GNDI3INTERMEDICA ON NM56,2554,6155,4857,0055,601,22
AZUL4AZUL PN N216,5616,0216,5417,1516,191,19
WEGE3WEG ON NM38,9237,7838,1838,9838,461,18
VVAR3VIAVAREJO ON NM6,656,366,536,736,481,09
IRBR3IRBBRASIL REON NM12,2111,8112,0412,3811,920,93
ELET6ELETROBRAS PNB N129,7528,6029,0929,7929,340,89
HAPV3HAPVIDA ON NM53,5950,9752,1953,5952,400,85
SMLS3SMILES ON NM14,5513,8514,2814,8814,200,64
HYPE3HYPERA ON NM31,5930,4731,1531,8031,360,58
B3SA3B3 ON NM40,0039,2539,7940,3639,530,56
CVCB3CVC BRASIL ON NM15,1014,5814,7915,1914,670,48
BBSE3BBSEGURIDADEON NM26,3925,3325,7226,5725,920,47
ELET3ELETROBRAS ON N126,7025,7426,0826,7725,950,35
CMIG4CEMIG PN N110,229,9910,1410,3410,140,30
MRVE3MRV ON NM13,5613,0613,3213,7013,360,07
MRFG3MARFRIG ON NM9,699,269,469,699,38-0,11
KLBN11KLABIN S/A UNT N216,1815,6615,8416,2615,85-0,56
CRFB3CARREFOUR BRON NM20,7520,0920,3920,8220,40-0,63
BRDT3PETROBRAS BRON NM19,4018,0818,6119,5018,41-0,65
ENBR3ENERGIAS BR ON NM17,3416,6717,0617,5616,80-0,77
TAEE11TAESA UNT N227,3226,4626,7527,5726,78-0,85
SUZB3SUZANO S.A. ON NM36,7435,3435,8737,0035,84-0,94
RADL3RAIADROGASILON ED NM106,24101,30103,58107,90103,91-1,04
EGIE3ENGIE BRASILON NM41,2539,5540,2741,3240,05-1,11
UGPA3ULTRAPAR ON NM14,4713,7014,0114,6214,05-1,13
BRFS3BRF SA ON NM19,7518,7019,0919,7519,05-1,14
PCAR3P.ACUCAR-CBDON NM65,4863,3964,3065,4864,00-1,31
COGN3COGNA ON ON NM5,304,905,145,415,04-1,37
TIMP3TIM PART S/AON NM13,4412,7413,0213,6513,02-1,66
CIEL3CIELO ON NM4,764,454,564,774,53-1,95
MGLU3MAGAZ LUIZA ON NM46,6843,9044,9746,8944,59-2,15
VIVT4TELEF BRASILPN49,7747,6248,2950,0147,87-2,47
LAME4LOJAS AMERICPN N122,9221,4022,0723,3121,75-2,77
BRKM5BRASKEM PNA N122,5120,9121,6223,0921,00-2,78
BTOW3B2W DIGITAL ON NM66,2260,8262,8166,3861,80-4,47
HGTX3CIA HERING ON NM14,9513,4614,0015,0913,70-5,32
CSAN3COSAN ON NM58,1953,1254,7058,4553,50-5,64
Fonte: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
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O top 5 da semana, do lados dos ganhos, foi liderado por uma alta acumulada de 28,91% pela petroquímica Braskem.
Apenas do pregão de terça, as ações da companhia subiram 28,67%. O banco Morgan Stanley melhorou a recomendação para as ações de “neutra” para “compra”. O preço-alvo para o fim do ano, no entanto, foi corrigido para baixo, de R$ 35,00 para R$ 26,20 – as ações estavam sendo vendidas no fechamento desta sexta por R$ 21,00.
Top 5 da semana - Melhores do Ibovespa (17/4/20)
PapelCódigoVariação (%)Cotação
BRASKEM PNABRKM528,9121,00
VIA VAREJO ONVVAR325,836,48
IRB BRASIL RESSEGUROS ONIRBR318,0211,92
GRUPO NATURA ONNTCO315,0433,34
GERDAU PNGGBR414,9512,30
Fonte: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
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Entre os cinco maiores tropeços da semana, nenhuma ação superou as perdas de 6,21% dos papéis da Cielo.
Há duas semanas, os papéis da empresa chegaram a subir mais de 20%, após recomendações positivas do banco UBS. De lá para cá, as ações vão devolvendo parte da alta exagerada.
Top 5 da Semana - Piores do Ibovespa (17/4/20)
PapelCódigoVariação (%)Cotação
CIELO ONCIEL3-6,214,53
TELEFONICA BRASIL PNVIVT4-5,7747,87
PETROBRAS BR ONBRDT3-5,2018,41
CIA HERING ONHGTX3-5,1913,70
AMBEV ONABEV3-4,1311,60

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